Apontamentos
sobre o 47. Congresso da Sociedade Alemã de Psicologia
Antonio
Caubi Ribeiro Tupinambá
Professor
visitante (2010-2011). Universidade de Lüneburg
(Alemanha)
Outubro
de 2010.
Um
território para discutir dois anos de produção científica no
âmbito da Psicologia em países de fala alemã. Contudo, não se
excluem outros países dessa discussão. Apesar de se saber que o
futuro de uma disciplina como a Psicologia é incerto, vê-se na
abrangência dos estudos que compõem o congresso, uma busca contínua
e permanente para sua sólida construção.
Todas
as contribuições para o enriquecimento da Psicologia alemã e a
partir da própria Psicologia alemã em direção às demais culturas
encontram eco e são bem-vindas nesse território psi.
Território que se denomina Congresso da Sociedade Alemã de
Psicologia e que acontece bianualmente, no qual há espaço para um
resposta ofensiva às exigências sociais face à Psicologia. Isso se
constata nos fundamentos e nas aplicações das competências
psicológicas genuínas trazidas pelos múltiplos trabalhos.
Não
podemos esquecer que a Psicologia deve seu nome aos gregos, mas o seu
nascimento científico, aos alemães. Sua mais importante corrente
teórica, a psicanálise, também se originou no mundo germânico. A
Psicologia tem hoje, no seu país de nascimento, um largo espaço de
desenvolvimento, no qual se encontram temas e recursos versados ao
enfrentamento dos desafios da vida cotidiana. Não foi difícil
testemunhar essas tendências nesse 47. Congresso da Sociedade Alemã
de Psicologia, que aconteceu no mês de setembro de 2010 na cidade de
Bremen. O nomeado congresso reuniu cerca de 2.000 trabalhos, em sua
maioria desenvolvidos no âmbito da própria realidade alemã ou em
países de língua alemã, a exemplo da Áustria e da Suíça.
Praticamente todas as principais áreas da Psicologia moderna foram
representadas por meio dos trabalhos expostos, estando a área da
Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) em especial relevo, uma
tendência que também pode ser observada em outros países,
inclusive no Brasil. Vale a pena ressaltar o impacto e a
transversalidade de temas acerca de recursos virtuais e da internet
nas diferentes áreas abordadas durante o congresso, especialmente no
âmbito da formação e da educação de jovens. Pesquisas sobre o
assunto buscam desvendar os mistérios da relação de jovens com
esses meios e suas consequências para a formação do caráter. A
idéia da mídia virtual como recurso passivo e de pouca contribuição
para o desenvolvimento humano em comparação com experiências
cotidianas no “mundo real” vem sendo revista e reavaliada. Os
recursos e os efeitos da experimentação, da construção da
autoimagem, das realizações pessoais simbólicas por meio da mídia
virtual encontram defensores e argumentos científicos antes
restritos aos relacionamentos sociais e interpessoais concretos.
Facebook,
MySpace, Orkut
e outros networks
exigem, segundo esses estudiosos, uma participação que nada tem a
ver com a passividade característica de meios audiovisuais
tradicionais. Nessas redes os jovens seriam convocados a criar seus
perfis, contar diferentes histórias, construir cenários e
participar de outras atividades sociais relevantes para o processo de
amadurecimento e para ajudar no enfrentamento de dificuldades de
exposição, comuns a membros desses grupos e nessa idade. O lado
problemático dos cybers
espaços não é ignorado por esses estudiosos. Uma vez se tratar de
um espaço imaterial dentro da realidade vivida no mundo concreto,
não se pode negar suas armadilhas e seus riscos. Armadilhas e riscos
semelhantes àqueles que oferecem a vida real. Dada a sua importância
e atualidade, o tema seguramente ocupará ainda por muito tempo a
Psicologia e os psicólogos em suas diferentes áreas e perspectivas.
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