domingo, 19 de setembro de 2010

RINEPE Participa do Congresso da Sociedade Alemã de Psicologia 2010




Psicologia alemã
Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá
Professor visitante. Universidade de Lüneburg (Alemanha)

É fato que a Psicologia deve seu nome aos gregos e o seu nascimento científico aos alemães. Sua mais importante corrente teórica, a psicanálise, também se originou no mundo germânico. A Psicologia tem hoje, no seu país de nascimento, um largo espaço de desenvolvimento, no qual se encontram temas e recursos versados ao enfrentamento dos desafios da vida cotidiana. Pude testemunhar essas tendências no 47o. Congresso da Sociedade Alemã de Psicologia, que aconteceu nesse mês de setembro 2010 na cidade de Bremen. O nomeado congresso reuniu cerca de 2.000 trabalhos, em sua maioria desenvolvidos no âmbito da própria Alemanha ou em países de língua alemã, a exemplo da Áustria e da Suiça. Praticamente todas as principais áreas da Psicologia moderna foram representadas por meio desses quase 2.000 trabalhos, estando a área da Psicologia Organizacional e do Trabalho em especial relevo, uma tendência que também pode ser observada em outros países, inclusive no Brasil. Vale a pena ressaltar o impacto e a transversalidade de temas acerca de recursos virtuais e da internet nas diferentes áreas abordadas durante o congresso, especialmente no âmbito da formação e da educação de jovens. Pesquisas sobre o assunto buscam desvendar os mistérios da relação de jovens com esses meios e suas consequências para a formação do caráter. A idéia da mídia virtual como recurso passivo e de pouca contribuição para o jovem em comparação com suas experiências cotidianas concretas vem sendo revista e reavaliada. Os recursos e os efeitos da experimentação, da construção da autoimagem, das realizações pessoais simbólicas por meio da mídia virtual encontram defensores e argumentos científicos antes restritos aos relacionamentos sociais e interpessoais concretos. Facebook, MySpace, Orkut e outros networks exigem, segundo esses estudiosos, uma participação que pouco tem a ver com a passividade característica de meios audiovisuais tradicionais. Nessas redes os jovens seriam convocados a criar seus perfis, contar diferentes histórias, construir cenários e participar de outras atividades sociais relevantes para o processo de amadurecimento e para ajudar no enfrentamento de dificuldades de exposição, comuns a membros desses grupos e nessa idade. O lado problemático dos cybers espaços não é ignorado por esses estudiosos. Uma vez se tratar de um espaço imaterial dentro da realidade vivida, no mundo concreto, não se pode negar suas armadilhas e seus riscos. Armadilhas e riscos semelhantes àqueles que oferecem a vida real. Dada a sua importância e atualidade, o tema seguramente ocupará ainda por muito tempo a Psicologia e os psicólogos em suas diferentes áreas e perspectivas.