domingo, 8 de abril de 2012

A Força do Brics



Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá
Professor e Psicólogo 

Há quase uma década surgia um novo grupo ou uma elite entre países emergentes formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China, que passou a ser chamado de “Bric”. Hoje, com a adesão da África do Sul, o bloco cresceu e viu ser acrescentado um “s” a sua sigla. A primeira visita oficial da presidente Dilma Rousseff à Índia, onde participa da IV Cúpula do Brics, não tem importância apenas simbólica. Na pauta da visita estão assuntos vitais para os países integrantes do bloco, como, por exemplo, a análise da crise mundial, seu impacto no comércio e a criação de um banco de desenvolvimento constituído com capital dos cinco países e que financiaria projetos nos próprios integrantes do Brics e em outras nações em desenvolvimento. A cúpula reúne, portanto, os líderes daquelas consideradas as principais economias emergentes do mundo. Para se sentir a importância crescente  desse grupo no cenário econômico mundial, basta observar o grau de sua participação na expansão da economia global em 2012.  Segundo o FMI, os países que formam o Brics serão responsáveis, neste ano, por cerca de 56% da economia mundial. A ideia de criar um banco de desenvolvimento reflete essa importância sem, necessariamente, comprometer a participação dos países integrantes em organismos multilaterais, aos quais essas economias emergentes ainda reivindicam uma maior presença e poder de voto nas grandes decisões. O crescente peso econômico do Brics ratifica a tese da mudança do centro de gravidade da economia mundial. Demografia, potencial de mercado e outros fatores justificam o tratamento especial ao grupo. Trata-se de um mercado que soma mais de 800 milhões de novos consumidores e um potencial para competir com os demais grupos econômicos. Vale a pena salientar que durante sua visita à Índia, a presidente Dilma debaterá, além desses temas eminentemente econômicos, assuntos de interesse bilaterais nas áreas científicas, tecnológicas, educacionais, de igualdade de gêneros e de cooperação. Isso reflete o reconhecimento, por parte dos dirigentes, da necessidade de atenção a outras questões que transcendam os interesses econômicos, especialmente aquelas de natureza cultural que pautam acordos internacionais. Dentro do Brics, temos o exemplo do caso indiano, no qual ainda se identificam a necessidade de investimento e o respeito a pequenas comunidades produtivas, comuns durante o movimento da luta pela independência do império britânico e que ainda hoje funcionam como bastiões da cultura local. Deve-se ficar atento a questões de natureza cultural e social no âmbito dos países do bloco. Essas questão se relacionam a políticas  consideradas “culturalmente corretas” e se ocorrem em respeito às comunidades locais, ou se, ao contrário, trata-se de simples estratégias para o combate a eventuais resistências a projetos dominantes. Apesar da extraterritorialidade de modelos econômicos, a condição humana demanda seus significados e seus sentidos. Não se pode esquecer dos efeitos radicalmente desiguais dessa nova condição globalizante que pode a ela se sobrepor.