sábado, 11 de fevereiro de 2012

BRIC e a Índia

Publicado no CadernoOpinião do DN em 03 de março de 2008.

IDÉIAS



Há cinco anos se cunhava uma nova sigla para designar um grupo de nações semelhantes em suas perspectivas econômicas futuras. Surgia uma elite entre os países emergentes forma da pelo Brasil, Rússia, Índia e China, o BRIC. Demografia, potencial de mercado e outros fatores justificam o tratamento especial ao grupo.Trata-se de um mercado que soma cerca de 800 milhões novos consumidores e um potencial para competir com outros grupos econômicos. Não há, contudo, características culturais tão comuns a essas quatro nações. 

Horizontes distintos e sérias restrições internas a um projeto aglutinador de tal magnitude podem dificultar o projeto. Mas ainda que os países do BRIC não cheguem a atender às expectivas de formar um ambiente favorável a novas estratégias de expansão, um processo já foi desencadeado nessa direção e exerce sobre seus habitantes efeitos que transcendem às mudanças econômicas previstas. O BRIC continua sendo uma união artificial por serem seus membros países continentais periféricos ao sistema econômico mundial e demonstrarem um desejo de aproximação limitado.

Nessa direção se observam apenas movimentos modestos entre os vizinhos Rússia e China ou iniciativas diplomáticas que incluem a Índia e mais timidamente o Brasil. A Índia, o mais diferenciado do grupo em termos de cultura e religiosidade, foi visto por um longo tempo como incapaz de absorver avanços econômicos nos moldes ocidentais. País marcado por profundas desigualdades sociais e uma cultura ancestral de difícil penetração por valores capitalistas, provoca questionamentos sobre o benefício social de sua acelerada política neo-liberal e globalização. Mas, pelo menos no caso indiano, ainda se identificam certo investimento e respeito a pequenas comunidades produtivas, organizações comuns durante o movimento de luta pela independência do império britânico. Vale questionar se, na Índia ou noutros países do bloco, tais políticas  ́culturalmente corretas ́ ocorrem em respeito às comunidades locais, ou se se trata de mais uma estratégia de combate a eventuais resistências a projetos políticos dominantes.


ANTONIO CAUBI RIBEIRO TUPINAMBÁ - Psicólogo

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