sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Entrevista com a psicóloga Adriana Gurgel, primeira profissional a obter o título de Mestrado em Psicologia da UFC, em 2005

No post a seguir se encontra a entrevista com a psicóloga Adriana Gurgel, primeira profissional a obter o título de Mestrado em  Psicologia da UFC, no ano de 2005. Toda a equipe RINEPE agradece a disponibilidade da psicóloga em compartilhar suas experiências profissionais e estudantis.




1. Em que ano você ingressou na UFC? Qual a sua formação? 

Em 1988, sou formada em Psicologia, depois fiz em 1994 Pós graduação em Administração da Qualidade também pela UFC e o mestrado em psicologia em 2003.

2. Como foi a experiência de ter defendido a primeira dissertação de mestrado do Departamento de Psicologia da UFC?

Foi muito marcante em minha trajetória profissional e pessoal. Era tudo muito novo tanto para nós alunos como para os professores. A necessidade de apresentar logo minha dissertação deu se devido a que meu orientador na época, Caubi Tupinambá iria se ausentar do país para fazer um pós doutorado na Espanha então tivemos que acelerar o processo. Nessa trajetória pude contar com o apoio do professor Ricardo Lincoln que muito me ajudou nas suas orientações em conjunto com o prof. Caubi que já se encontrava viajando. Tenho muita gratidão com meus dois orientadores : prof. Caubi que foi o orientador oficial e  o prof Ricardo que generosamente me atendeu colocando-se a disposição para me ajudar neste momento.

3. Sabemos que você tem uma longa trajetória na área de Psicologia Organizacional do Trabalho. Que atuações relacionadas a esse campo profissional você destaca?

Sou muito grata a todos os lugares que me acolheram como estudante e como profissional. Desde o primeiro estágio em uma construtora numa proposta ousada de desenvolver RH em  uma obra, onde depois fui contratada como psicóloga ao me formar até a prática do magistério onde pude levar o conhecimento e a prática da psicologia organizacional para estudantes, sempre priorizando a ética e o amor pela profissão. Na construtora aprendi a trabalhar com equipes multiprofissionais e percebi como dependemos de outros saberes para realizar um trabalho de maior abrangência ao complexo universo da inserção do ser humano no mundo do trabalho. Passei um período atuando como consultora e também mais uma vez mergulhei na diversidade da profissão atuando em vários ramos de atuação na indústria e no varejo. Destaco também quando trabalhei em uma indústria multinacional e pude perceber as diferenças de políticas de RH em uma perspectiva global e meu atual trabalho na gestão de RH de uma empresa cearense do ramo de varejo de utilidades do lar -  a Freitas Varejo, que hoje tem 1200 colaboradores em 4 estados do nordeste sempre levando a gestão de pessoas com humanização, saúde e inclusão social como pautas que norteiam meu trabalho.

4. Quais os maiores desafios que já enfrentou no mercado de trabalho?

A constante estabilidade econômica que nosso país atravessa é a maior dificuldade para mim que atuou na área e os consequentes impactos que isto trás para a saúde e segurança do trabalhador.

5. Como surgiu a parceria com o Programa RINEPE (Rede Internacional de Estudos e Pesquisas sobre Liderança e Empreendedorismo)? O que a motiva a ser parceira do Programa?

Por conhecer e respeitar muitos os profissionais que estão na condução do programa como o prof Caubi e a dr. Raquel Libório além da afinidade com a temática da liderança e empreendedorismo.

6. Como foi a experiência de participar da disciplina “Cenários do Trabalho”, ministrada pelo prof. Caubi Tupinambá? 

Fico muito feliz em poder contribuir com a formação de novos profissionais e acredito que a ligação da universidade com a prática profissional deve ser estimulada como forma de proporcionar a visão do encontro da teoria com a pratica profissional. Eu como fui aluna da UFC  e usufrui de uma universidade publica me sinto no dever de retornar a minha casa e dar minha contribuição a instituição portanto estou sempre aberta a estes convites.

7. Outra parceria com o RINEPE foi uma pesquisa de campo de doutorado. Poderia nos detalhar como se deu a sua contribuição?

Minha contribuição foi facilitar por ocupar uma posição de liderança na empresa, para que a pesquisa de campo do doutorado fosse aplicada nas dependências da empresa e com o público alvo voluntário contribuindo para que a pesquisa saísse do papel e ganhasse vida na prática de uma empresa

8. Onde você atua no presente momento? Há relação com os temas abordados no programa?

Atuo como gerente de gestão de pessoas na Freitas Varejo onde coordeno o setor de pessoal e o de RH. Os temas de liderança, motivação, inovação de gestão, saúde do trabalhador, inclusão e diversidade no ambiente profissional estão presentes no dia a dia da minha atuação.

9. Nesse período atípico de pandemia, muitas mudanças já são percebidas no mercado de trabalho. Que desafios e potencialidades enxerga para o futuro do trabalho?

O futuro do trabalho está cada vez mais associado a saúde e bem estar do trabalhador. Como as formas de adoecimento físico que a pandemia trouxe para dentro das empresas, como psíquico que o isolamento social, a instabilidade do mercado, o temor que as restrições vieram impor na vida de cada pessoa e seus impactos no modo de adoecimento subjetivo trouxeram a realidade de se pensar de modo cada vez mais intenso no bem estar global das pessoas no trabalho a fim de que as organizações possam sobreviver de maneira competitiva e criativa nestes novos tempos de trabalho remoto, novas tecnologias, e várias outras “modernidades” que tivemos que nos adaptar bruscamente como se déssemos um salto no tempo de 5 anos em 1 ano de pandemia.

10. Que mensagem deixaria para os gestores e profissionais de RH nesse contexto de pandemia?

Ser gestor de RH cada vez mais é cuidar das pessoas. Numa amplitude antes nunca pensada porque de repente as questões familiares que não chegavam de forma real ao mundo do trabalho começaram a ser presentes como o cuidado dos filhos e um mundo de escolas on line e trabalho em home office, como se adaptar as jornadas de trabalho dentro de sua casa, como ter situações onde o líder deve decidir se o trabalhador fica em casa ou se vai ao ambiente de trabalho se ele apresenta sintomas gripais, enfim situações que antes nunca haviam sido pensadas envolvendo pessoas e decisões com pessoas totalmente novas que a pandemia trouxe e que não estávamos acostumados a lidar .Se o gestor de RH não tiver dentro de si o compromisso ético de cuidar de pessoas para além dos processos administrativos da profissão ou mesmo estratégicos do negócio ele não vai entender o seu papel dentro do nova estrutura do trabalho pós pandemia.

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